sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aos mestres, com carinho de discípulo eterno.

Meus primeiros professores foram Genival e Marlene. Ensinaram-me coisas aparentemente banais, mas que usarei pra sempre como escovar os dentes, tomar banho, comer de garfo e faca, pedir antes de pegar coisas que não são minhas e aceitar “nãos” como repsosta, prestar atenção quando alguém fala e respeitar os mais velhos, orar sem cessar e ter temor na casa de Deus. Ensinam-me muito, sempre, até hoje e até quando Deus permitir. Peço muitos e muito anos…
Depois veio o professor Lucas, meu irmão do meio. Veio pra me ensinar a dividir, brincar, driblar (isso aí não aprendi lá muito bem…), aprontar e sair ileso, entre tantas outras coisas…
As “tias” que me alfabetizaram começaram uma obra importante que é deveras desvalorizada neste país. Lembro de seus rostos, de sua doçura, mas infelizmente os nomes me fogem…
Ana Paula veio como um presente de Deus! Ensinou-me a cuidar. Tão frágil quando chegou em casa, nossa caçulinha… Aos oito anos, aprendi a carregar minha irmãzinha no colo e com seu pezinho torto, aprendi que Deus usa a tudo e a todos quando quer abençoar uma família com uma cura sobrenatural.
Norma, Vilma, Júlio e Celso; Geometria, Literatura, Geografia e Física respectivamente. Mais do que o rigor dos conteúdos ensinavam a gostar de aprender e a cruzar saberes de maneira a entender melhor o mundo ao meu redor. Que saudades das aulas de vocês, e como gostaria de ter aproveitado mais.
Júlio César me ensinou a usar melhor os acordes que aprendia nos livrinhos do Maurão. Ensinou-me que havia muita múscica além do que meu gôsto podia alcançar. Clapton, Caetano, Metheny… Muito som, muitos dedos, muitas viagens sonoras!
De toda a ULM, lembro com saudades de Regina Kinjo. Entrei na aula dela descontente com a obrigatoriedade de frequentar aulas de Canto Coral. O terceiro acorde da primeira canção que aprendi com ela muduou o curso da minha vida: virei aspirante a tenor, arranjador de acapela, cantor, músico, “madrigalista encantado”.
Logo veio Naty Ribas, minha professora em tempo integral. Ela me ensina de tudo: cuidar da casa, cuidar da imagem, cuidar da língua… Mas de tudo que aprendi com ela, o melhor foi aprender a amar plenamente.
Da UNESP lembro de Carlos Stasi. Professor que descostruiu meu castelo de cartas em 15 minutos de aula. Com ele aprendi que música está muito além da frieza inerte de marcações gráficas numa partitura e que qualquer sistema tem limites, inclusive os melhores sistemas…
Um mestre que já se foi é Ricardo Rizek; ou Rizekinho, o Grande como gosto de recordá-lo em conversas ou aulas. Enquanto em muitos lugares aprendi técnicas variadas, na sala de aula de meu mestre aprendi Arte, sua sublime força e capacidade de ser algo além do banal mesmo que o cite ou se pareça com ele. Com Rizek aprendi tanto que nem em 2 existências poderia organizar tantas anotações de aulas notívagas… Ainda visito suas aulas, seus dizeres, seus gestos e suas manias.
Muitos professores me alcançaram sem que nunca os encontrasse. Aulas em livros (Martin Buber, Platão, Guimarães Rosa,Suassuna,  Michael Ende…), aulas Poéticas (Hesíodo, Safo, Pessoa, Jorge de Lima, todos os Cordelístas do Nordeste, todos os Rappers do Mundo…) aulas em Discos (Robert Johnson, Boca Livre, Take6, Jeff Buckley…), aulas no Cinema (Stanley Kubrik, Andrei Tarkovski, David Cronemberg…), aulas em Telas (Dali, Picasso, Michelangelo, Da Vinci), aulas no Palco (Artaud, Nelson Rodrigues, Sófocles…), aulas em Sonoras (Bach, Beethoven, Bhrams…), aulas e aulas e aulas…
Tento fazer de meu professor o meu “outro”. Aquele ou aquela com quem convivo vive num mundo interno diferente do meu e certamente posso aprender a cada encontro. Não creio estar banalizando o ofício do mestre aqui, até porque “mestre” é um dos títulos que se dá aquele que é meu maior professor: Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres – um homem que ousou ensinar a todos sem distinção, sentando-se em todas as mesas que pode e deixando uma marca que chegou até nós, alunos.
Se você é professor sinta-se bem neste dia. Sem você o mundo estaria em trevas completas e qualquer força nos venceria.
Parabéns!

2 comentários:

  1. Meus parabéns, você conseguiu transcrever o que estava em minha mente, meus agradecimentos aos mestres que passaram por minha vida, a começar de meus pais e meu irmão até as pessoas que Deus colocou em meu camiho, para me ajudar a compreender o mundo.
    Deus continue te abençoando ricamanente! :)
    Amei

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  2. Que orgulho do que você escreve!
    Amei o texto!
    E só pra constar, eu sou a Ana Paula citada no texto, o presente de Deus sabe? (me achando) hehe
    Te amo, irmãozinho!

    Beijos e mais beijos.

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