quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sou Livre - Rebeca Nemer

          No início das minhas interações via Twitter com a cantora, diretora de arte e CEO da Salluz, ela convocou os song-writers de plantão por lá pra criarem canções infantis sobre personagens bíblicos para um projeto novo (ainda inédito). Abelhudo que sou, disse o meu “Eis-me aqui!”. Na ocasião escrevi duas canções: o “Blues do Jonas” (ainda inédito) e à partir uma ideia simples na qual já trabalhava a meses, “Pequeno Salmista”. Enviei esta para a cantora (e hoje, amiga querida) e fiquei feliz com a boa recepção que ela teve. A canção é a 10ª faixa do “Sou Livre”, álbum lançado na ExpoCristã de 2011.

            De início, fiquei receoso em escrever sobre este disco, principalmente pelo meu envolvimento como autor de uma das faixas, mas depois de inúmeras pessoas me cobrando novos reviews aqui no Blog, decidi que o primeiro do ano deveria ser o “Sou Livre” da Rebeca Nemer.

            O disco é um pouco diferente dos trabalhos anteriores da cantora. É voltado a um público mais abrangente. Sem deixar de lado canções infantis, o disco alcança também o público teen com faixas dançantes e eletrônicas, como a “Eu Tenho Algo” que abre o disco com um som “gordíssimo” e vocais com aquele trato eletrônico over-tunados. A 2ª faixa é a linda canção “Eu Sou Livre” com participação especialíssima de Paulo César Baruk e uma atmosfera de louvor de Igreja mesmo. Uma canção acessível e muito bem feita. “Meu melhor amigo” é a contribuição do Samuel Mizrahy ao disco da Rebeca e o resultado é uma canção com a marca da alegria do Samuel. Os violões e guitarras da faixa estão ótimos e são obra do Cacau Santos, que sempre acerta na mão! “Minha Escolha” é a primeira balada do disco. De autoria de Leila Francieli, a voz da Rebeca acolheu muito bem a canção, que não sai em momento nenhum de um clima singelo e confessional. “Quero Me Mover” volta ao clima mais dançante e aqui começa a aparecer bem pronunciada a contribuição de Fernando Menezes que mixou o disco. As escolhas de efeitos, os planos de panning e tudo mais que é pertinente à mixagem ornam por demais o disco como um todo. Este traço do álbum segue na faixa 6 –“Decoreba” de Edson Feitosa que é uma diversão daquelas. O público infantil agradece e os mais velhos também “se jogam” com a desculpa de que é pra “acompanhar os pequenos”. Todo mundo liberado! A faixa é divertida e ponto!

            “Pororó” – a primeira vez que ouvi a faixa 7, a ficha não caiu. Foi só em conversa com alguns amigos que descobri que a música já foi hit de acampamento metodista lá pelas bandas do Rio de Janeiro. O que eu achei da faixa inicialmente é que era uma “doidera doida” daquelas que são a cara do produtor do disco. Um beat meio “Black Eyed Peãs” e tal.

            A participação de Adhemar de Campos na faixa seguinte num tema africano gravado com um sabor jamaicano está muito bonita. Essa canção mostra o talento que o Baruk tem como arranjador. É muito repertório, muito conhecimento de estilos e linguagem musical. Isso não é coisa que se vê por aí à rodo não... “I Can Do” faz o retorno pro pop-rock com aquele sabor britanizadinho (deu pra entender isso?). As guitarras do Alexandre Mariano falam alto e junto com os baixos do Aposan.

            Agora chegamos naquele temido ponto do conflito moral: o que dizer da faixa de minha própria autoria? Bom: pra mim é a melhor do disco! É uma coisa fantástica! É demais... Hora do recreio à parte, vamos ao comentário que não pode calar: O arranjo do Baruk aqui foi um presente de Deus. Uma das maiores alegrias pra um autor é ver seu trabalho tão bem tratado assim. A canção foi escrita para a Rebeca. Para a voz dela. Acredito que isso tenha contribuído para o resultado realmente bonito da faixa que aliás é de uma economia notável! O vocal ao fim da faixa é inusitado. Ousam-se paralelismos que dizem por aí serem proibidos, inclusive... Enfim, aqui tem a coisa pessoal gritando. A faixa foi um presente!

            “Morto ou Vivo” de Leila Francieli volta ao climão eletrônico, mas traz uma letra com conteúdo, coisa que não é muito comum no estilo dos “I got a feeling” da vida... E nessa escalada de conteúdo chegamos à canção do Hélvio Sodré. “Não Vou Mais Brigar” que abre de Ukulele e fala LINDAMENTE do tema famoso hoje em dia que é o tal do Bullying, chamando ele brasileiramente de “brigar”, chama de “empinar o nariz” e coisa e tal culminando no perdão e na amizade. A canção é a cara do Hélvio e a voz dele deu um blend daqueles com a da Rebeca. O vocal de fundo, na maioria do disco a cargo da dupla Daniela Araújo e Felipe Valente traz a marca do bom arranjo e, de novo, da economia. O disco fecha com um reprise de “Eu Tenho Algo” arranjado por Jessé (que também arranjou “Pororó” e “Morto ou Vivo”) e é uma gordura só.

            A já mencionada mixagem de Fernando Menezes é coisa de primeiro mundo e prova que está cada vez mais desnecessário sair do Brasil atrás de expertise nessa área e a Masterização é do Luciano Vassão, que se eu continuar elogiando aqui vai parecer coisa arranjada, mas é, como sempre, digna de nota.

            O disco vem em digipack que eu particularmente gosto muito por causa da coisa táctil: me lembra a época que eu comprava vinil... A arte do disco é de Lucas Motta (olho nesse menino!) e tem como assistente de fotografia a melhor cantora do Brasil na atualidade. Enfim, o disco é ótimo e conta com uma equipe de gente boa contribuindo que garante sucesso de público e crítica!



P.S.: Este artigo contou com a consultoria especializada de Giulia e Giovana. Duas priminhas gêmeas de 4 anos que, quando perguntadas sobre qual é a faixa preferida respondem em alto e bom som: “TODAS!”

Sobre o Humilde Bloguinho em 2012...

    Ano novo, vida nova, né?
    Ok, sabemos que não é bem assim: continuamos os mesmos e o que pode mudar é a nossa postura na medida da nossa decisão e compromisso com ela.
    Não tenho dado conta de alimentar o Blog com frequência e além disso, tenho recebido comentários sobre certa parcialidade em meus comentários e na escolha do material que comento. Vamos endereçar este assunto: eu comento o que ouço! Eu ouço o que compro! Eu compro o que dá... Está bem assim? Não me sinto obrigado a comentar todo e qualquer lançamento do Universo Gospel até porque não penso que seja esta a vocação deste espaço. Aqui a banda toca de um determinado jeito e é assim que dá pra ser... Não vou ficar comentando disco "requentado" sem algum caldo artístico que o sustentem ou algum outro interesse de conteúdo que eu tenha.
    O que podemos esperar este ano então?
    Talvez não muito... Assumi um compromisso do tamanho do Universo em 2012. No final do ano, com o processo seletivo quase no fim, inventei de pleitar o ingresso na Pós-Graduação. Resultado: começo um mestrado em Ciências da Religião.
    Com certeza este é um processo que demandará tempo, e tempo livre que é o que eu usava para alimentar este espaço! Não quero abandonar a prática de comentar álbuns porque acredito que isto é mais um exercício pessoal do que qualquer outra coisa. Faço de bom grado e especialmente quando há o que elogiar. Não sei a serviria um espaço pra trollar o que acho ruim e/ou mal-feito!
    Creio que, numa perspectiva mais acadêmica, não me afastarei da cena musical até porque o tema da minha dissertação permeia as relações entra a Arte e o Sagrado em Liturgia (ou algo assim! hahahaha -Creiam-me tudo pode acontecer com um tema de mestrado no meio do caminho!) e estar em contato com o repertório, com o que se canta nas Igrejas e o que tem figurado em nossa escuta musical como cristão pode ser útil de lá pra cá e de cá pra lá. Estou empolgado com a nova empreitada e conto com a torcida e orações de vocês!
    Minha presença nas Redes Sociais seguirá na medida das possibilidades e da minha capacidade de multi-tasking!
    Todos saberão o que estarei aprontando neste ano!
    Paz e bem neste ano que se iniciou!
    Jonas Paulo