segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Revolução - Ton Carfi

É muito complicado quando alguém arrisca fazer algo novo. Não que o disco do Ton Carfi seja invovador musicalmente, mas dentro do cenário Gospel brasileiro ele certamente traz uma textura que ninguém ainda tinha explorado tão bem. É um disco de R&B dançante que pode animar qualquer festa, botar neguinho pra pensar em temas que pouca gente fala e, principalmente, coloca a gente pra dançar!
Tecnicamente temos um excelente cantor sendo produzido por um monstro chamado Jamba. O Jamba é o produtor que ficou com uma imagem de "produtor de música brasileira"  por conta do lindo trabalho que fez com o Luiz Arcanjo e na sequência mostrou como que a coisa não é bem assim no trabalho solo do Marcus Salles. Neste álbum de Ton Carfi o produtor mostra o domínio de múltiplas linguagem e só reforça a tranquilidade nas teclas. Ouvi o disco pronto antes do lançamento digital e também de alguns trechos das prés ainda quando o Ton e o Jamba faziam songwriting sessions lá no Recreio nuns papos via Skype com o produtor. Ali a coisa já prometia bastante!
O disco é gordo, bem gravado, tem tudo pra correr do lado de algumas produções internacionais no mesmo estilo. Claro que o conteúdo do Ton não é aquela Babilônia dos discos da turma da Rhiana! Pode comprar e cantar alto tranquilamente que não vai rolar nenhum constrangimento... Aliás, as letras do disco estão muito boas e muito a cima dos trabalhos anteriores do Ton. Fino trato poético! Vocalmente, é o Ton Carfi, se é que vocês me entendem... "Grande cantor" nem bem começa a descrever o que esse rapaz tem a moral pra realizar vocalmente. A direção vocal do Jamba também ornou bem: o virtuosismo do Ton está mais informado e mais afastado de clichês cansados. Em resumo, não soa como exercício vocal. É fraseologia da grossa!
Eu sei que MUITA gente torceu o nariz para o disco. Mas é isso mesmo! É um disco que cabe numa proposta de entretenimento. Tem louvor? Tem... Adora-se? Sim! Mas é um disco para curtir e isso assusta muito crente que ainda confunde sacrifício com auto-flagelação. Explico: para mim, ouvir música ruim só porque tem letra bíblica é uma espécie de auto-flagelação.
Não vou fazer um track-by-track desse disco até porque a versão física do disco não saiu e para isso eu preferiria saber tudinho da produção, mas quero pontuar duas faixas:

As vozes de Maria e Talita na 4ª faixa são uma felicidade! Essas garotas tem vozes lindas e fico empolgado com a proximidade do lançamento do trabalho delas. O tema da canção é oportuno e a literalidade poderia ser um problema não fosse o caráter eminentemente profético da coisa toda. Muito bom!

O disco fecha com minha faixa preferida que soa como uma versão Gospel comportada da "How does it feel" do D'Angelo. O baixo até referencia o Pino no set up e na mão do take que ficou no valendo nuns momentos pontuais. Vocalmente é um espetáculo de virtuosismo visceral! Esses 6/8 assim sempre me ganham, mas esse está realmente incrível. É o ponto alto e ali pelos 03:20 da canção o vocal que o Ton colocou está um primor!





"Revolução" marca uma nova fase para o Ton Carfi e po ser o prenúncio de muita coisa boa ainda por vir. Recomendo que você compre e ouça. (e dance!)

Um comentário:

  1. Prestando um serviço: quem quiser ouvir uma prévia das faixas pode acessar os trechos que o próprio Jamba disponibilizou no Soundcloud.

    http://soundcloud.com/jambatheproducer/sets/ton-carfi-revolu-o

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