sábado, 30 de outubro de 2010

Lançamento do "Santifica-me" - Coral Resgate para a Vida

No dia 23/10 aconteceu o show de lançamento do CD “Santifica-me” do Coral Resgate para a Vida. O Espaço Supernova foi o local escolhido para receber o Coral com sua banda para uma noite de música de Louvor e Adoração ao vivo da melhor qualidade. Quem esteve presente pôde confirmar o carisma, musicalidade e unção do Coral que dá voz a um repertório poderoso registrado neste recente trabalho lançado pela Salluz Productions e assinado pelos talentosos produtores musicais William Augusto e Jeziel Assunção. O disco vem sendo muito apreciado e o show foi um retrato fiel do espírito do disco: Altos louvores ao Rei! Os cantores funcionam em conjunto como um mass-choir afinado com a mesma tradição de Richard Smallwood, Kirk Franklin, Hezekiah Walker e outros grandes ícones do Gospel, além de dar uma temperada com a ginga brasileira na sempre envolvente performance dançante do grupo. Os solistas também impressionam com vozes pra lá de precisas, ágeis e cheias de personalidade, tudo conduzido com a energia de Gustavo Mariano, regente do Coral. O pr. Ivo Mariano não perdeu a oportunidade de falar daquilo que Deus tem colocado em seu coração a respeito de Adoração, fechando o conjunto do sentimento que me envolveu ao chegar no evento, bem sintetizado no “chavão”: “We’re gonna have some Church up in here!” (Nós vamos ter uma Igreja nesse lugar!). O evento contou com a participação internacional de Aretha Scruggs da COGIC-California cantando algumas de suas canções, usando e abusando do talento que Deus a confiou. Certamente levará uma ótima impressão do Coral Resgate para a Vida, que é o Coral da COGIC3 na Zona Leste de São Paulo e não deve em nada para os corais da “matriz” em sonoridade, pegada e estilo. Com este novo trabalho o Coral Resgate para a Vida contribui com um novo fôlego para o já tão rico cenário Black do Gospel nacional.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

5 Grandes motivos para comprar CDs originais

No meio Gospel nós sempre ouvimos pregações acaloradas sobre as infâmias e pecados que se escondem atrás do ato tão corriqueiro (infelizmente) de adquirir cópias piratas de nossos artistas preferidos. Não quero entrar no mérito desta discussão mas sim expor rapidamente 5 motivos (e tenho muitos outros mais...) que sustentam meu costume de comprar material fonográfico original, esperando com isto estimular meus caros leitores a aderir a esta prática e desfrutar de seus benefícios:

1. Qualidade de áudio

Quem começou a ouvir música no formato antigo dos long-plays em vinil como eu no final da década de 80 sabe que o avanço para o formato digital dos CDs teve seu preço em certos aspectos da escuta musical. A precisão cartesiana da tecnologia digital tirou de cena alguns encantos do impacto acústico que os vinis proporcionavam quando reproduzidos em sistemas de som decentes.
O CD tira um "molhinho" acústico delicioso, mas deu também uma sonoridade bem legal às produções com maior durabilidade (apesar disso ser um tanto questionável...) e precisão.
O MP3 é um esmagamento da já mais curta gama de expressividade sonora do CD em relação ao vinil, que por sua vez é a captação mecânica do som transitando no ar transformada em relevo impresso numa superfície maleável.
Todo trabalho detalhista e artesanal de uma captação,mixagem e masterização se perde na cópia em MP3.
A qualidade das cópias piratas é extremamente inferior aos originais e os downloads são uma fonte bastante insegura! Vírus, phishing-scams e afins...

2. Qualidade do projeto gráfico

Um CD não é só a rodinha prateada que você enfia no seu aparelho de som para ouvir o barulhinho que faz!
Gosto muito de usar uma nomenclatura meio americanizada: Álbum! Álbum me dá a noção de que um CD é uma obra visual também. Tem um projeto gráfico, descreve um pouco do que passa na cabeça dos produtores do disco como identidade visual do trabalho musical e, não raro, apresentam belíssimas obras originais e independentes do disco. Exemplifico com a capa do álbum "Ainda não é o último" da Banda Resgate: além de um CD maravilhoso, a capa é um show a parte.

3. Informações sobre a produção

Quando temos o encarte de um CD, além de toda a beleza de um projeto gráfico bem realizado, temos informações muito interessantes da produção. Listas de músicos envolvidos, autores, arranjadores, mixadores, masterizadores, artistas gráficos envolvidos, editores, e afins... Até um agradecimento às vezes você poderá ler meio que ouvindo a voz do seu artista favortio e conhecendo um pouco mais de como ele pensa e como chegou até ali.

4. Financiamento da continuidade da obra de seus artistas favoritos

Quando você compra um álbum original você paga pelo trabalho de toda uma cadeia produtiva e em última instância está possibilitando que haja uma próxima produção! Só pra dar uma idéia do problema da pirataria para quem sobrevive neste ramo: Imagine que você se esforçou para entregar um ótimo trabalho, digamos que num escritório de contabilidade, e no fim do teu mês de trabalho teu patrão não te pague e diga: consegui um carinha ali do lado sem qualificação nennhuma, com 1/8 da tua experiência que fez "igualzinho" por 1/10 do preço. Chato, né?

5. A possibilidade de um autógrafo...

Afinal de contas, ainda não vi malandro ter a pachorra de pedir autógrafo em cópia pirata!

Jonas Paulo

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entrevista: Samuel Mizrahy


O cantor Samuel Mizrahy me concedeu uma breve e divertida entrevista. Leia e conheça um pouco mais desse cantor/compositor talentoso:

Jonas Paulo: Samuel, você é autor de canções belíssimas, dono de uma voz cheia de expressividade e um grande condutor de Louvor e Adoração. A que se deve esta combinação? E você acredita haver uma “formação escolar ou técnica” que desenvolva estas características em alguém que aspire uma carreira como cantor gospel, ministro de música ou algo assim?
 Samuel Mizrahy: Já ouviu falar que a gente é aquilo que a gente come? Penso assim, sou feito daquilo do que me alimento. Desde cedo sempre fui influenciado musicalmente pelos meus irmãos mais velhos e sempre tive ótimos referenciais. Acho que a “formação escolar” é fundamental para quem quer ser alguma coisa. O grande ditado do “Diga-me com quem tu andas...” é muito verdadeiro, pois se as más companhias corrompem os bons costumes, as boas constroem pontes para as coisas boas. Quanto ser um grande condutor de Louvor e Adoração, fico feliz de poder ser isso. Sempre quis ser, sempre busquei, se está acontecendo é porque houve sementes.

JP: Como foi seu início como músico cristão?
SM: Venho de uma família de cinco irmãos, minha casa sempre teve instrumentos, lembro da minha irmã tocando piano, meus irmãos tocando violão e isso sempre me inspirou, e como nossa vida era dentro da igreja tudo aconteceu de forma natural. Um dia eu estava fazendo aulas de violão, no outro eu estava tocando minha guitarra azul de rock na reunião de adolescentes. (risos)

JP: Qual foi a primeira canção que você escreveu?
SM:A primeira foi SEU AMOR, eu até a gravei no cd do MUITOMAIS (uma banda que eu tinha em Belo Horizonte)

JP: Vou entrar em um assunto um pouco controverso: Quais os limites de envolvimento de um músico cristão com a chamada “música secular”? E na seqüência: há algum músico popular que te influencie musicalmente?
SM: Bom, eu tenho um pensamento pessoal a respeito disso, isso não é uma bandeira que carrego, mas algo que eu vivencio todos os dias. Sou do pensamento que só existem 2 tipos de música, a boa e a ruim. Ouço música secular, aprendo muito com compositores seculares, mas não faço de suas músicas minhas bíblias. O que eu não gosto mesmo é a hipocrisia besta que os artistas evangélicos incluem em seus discursos, estão todos Cold Playando, U2ando, Snow Patrolando, em suas músicas, e dizem que é pecado ouvir música secular. Acho que quando se faz uma música “gospel” sem base bíblica, ou quando se faz uma canção “evangélica” com um refrão que todos vão cantar ou visando uma venda maior de CDS é mais pecado do que ouvir uma música SECULAR.
Quanto aos que eu gosto, vou citar 2 mas poderia citar 500.
Lenine e Lulu Santos. Pelas letras do Lenine e pela musicalidade do Lulu
Vocês já ouviram o cd do Luiz Arcanjo? É uma aula de música brasileira, de composição.
Vocês precisam ouvir as composições “seculares” do Thales Roberto, uma mais linda que a outra.

JP: Como você pensa que sua profissão (Samuel Mizrahy é publicitário) influencia seu trabalho musical? Tanto artística como tecnicamente e até do ponto de vista do marketing da coisa?
SM: Nada, sou péssimo no meu marketing pessoal. Agora que eu estou tendo a ajuda do pessoal da Salluz e da Sonar (onde eu trabalho) pra fazer as minhas coisas. Se não fosse eles eu tava perdido. Eu acho que o que eu tenho em comum entre ser publicitário e músico é a criatividade, se bem que eu tenho me achado muito repetitivo.

JP: Você acha que há limites para a música cristã em termos de estilo musical? Você sente falta de mais música brasileira nas rádios evangélicas?
SM: Sinceramente, sou muito metamorfósico. Eu amo a música brasileira, acho que é uma música inteligente de se ouvir e a cada dia que passa tem algum brasileiro com uma nova idéia para torná-la cada vez mais plural (O Lenine faz muito bem isso). Agora, no que se refere às rádios evangélicas, só vão tocar o que se pagar pra tocar, afinal eles têm que sobreviver, se tiver muita música brasileira (na essência) disposta a pagar pra tocar, eles vão fazer, se não...... que venha o rock britânico (e olha que eu gosto). Não sou contra as tendências, gosto do novo. Só não gosto do goela abaixo.

JP: Seu novo disco insere um leque um pouco mais amplo de influências no seu trabalho. Como foi isso? O “brit-rock” veio pra ficar?
SM: O “brit-rock” é muito envolvente em suas cadências, ótima pra ministrar. Eu não acho que veio pra ficar, pois a música é cíclica e já já chegam novas tendências, mas se for feito com qualidade e bom gosto eu vou gostar sempre. Eu gravei algumas agora no meu cd, mas gosto sempre de por um tempero mineiro/brasuka.

JP: Como foi trabalhar com a Salluz? O quanto isto agregou às tuas possibilidades criativas?
SM: Foi um privilégio sem fim, não só trabalhar, mas caminhar com eles tem sido um tempo de grande aprendizado pra mim. Ver quem são e o que são fora da igreja me fez ter a certeza que existem homens e mulheres que fazem a obra de Deus com excelência, trabalham e vendem seus produtos “evangélicos” com honestidade e muita clareza. Nas pequenas e grandes coisas. Por exemplo, eu nunca vi ninguém fazer qualquer tipo de trabalho pra Salluz e não ser honrado financeiramente. Eles pagam todos os direitos autorais de tudo, até das versões. Isso é raro.

JP: Samuel, agradeço muito sua disposição e simpatia de sempre e gostaria de encerrar esta breve conversa com uma palavra para os muitos jovens que te admiram e sonham em cantar pra Deus com a excelência que você apresenta.
SM: Esses dias eu postei um conselho no twitter que vou dar sempre em todas as oportunidades que eu tiver.
Quanto ao sonho de ser um ministro, alguém usado por Deus, busque nEle e só nEle, pois Ele é quem capacita, instrui, adestra para Sua obra. Busque referenciais humanos sim, mas não se esqueça de imitar Jesus em suas atitudes. Mas se você quer se dar bem na sua vida financeira, faça um bom currículo e procure um emprego. Uhu!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aos mestres, com carinho de discípulo eterno.

Meus primeiros professores foram Genival e Marlene. Ensinaram-me coisas aparentemente banais, mas que usarei pra sempre como escovar os dentes, tomar banho, comer de garfo e faca, pedir antes de pegar coisas que não são minhas e aceitar “nãos” como repsosta, prestar atenção quando alguém fala e respeitar os mais velhos, orar sem cessar e ter temor na casa de Deus. Ensinam-me muito, sempre, até hoje e até quando Deus permitir. Peço muitos e muito anos…
Depois veio o professor Lucas, meu irmão do meio. Veio pra me ensinar a dividir, brincar, driblar (isso aí não aprendi lá muito bem…), aprontar e sair ileso, entre tantas outras coisas…
As “tias” que me alfabetizaram começaram uma obra importante que é deveras desvalorizada neste país. Lembro de seus rostos, de sua doçura, mas infelizmente os nomes me fogem…
Ana Paula veio como um presente de Deus! Ensinou-me a cuidar. Tão frágil quando chegou em casa, nossa caçulinha… Aos oito anos, aprendi a carregar minha irmãzinha no colo e com seu pezinho torto, aprendi que Deus usa a tudo e a todos quando quer abençoar uma família com uma cura sobrenatural.
Norma, Vilma, Júlio e Celso; Geometria, Literatura, Geografia e Física respectivamente. Mais do que o rigor dos conteúdos ensinavam a gostar de aprender e a cruzar saberes de maneira a entender melhor o mundo ao meu redor. Que saudades das aulas de vocês, e como gostaria de ter aproveitado mais.
Júlio César me ensinou a usar melhor os acordes que aprendia nos livrinhos do Maurão. Ensinou-me que havia muita múscica além do que meu gôsto podia alcançar. Clapton, Caetano, Metheny… Muito som, muitos dedos, muitas viagens sonoras!
De toda a ULM, lembro com saudades de Regina Kinjo. Entrei na aula dela descontente com a obrigatoriedade de frequentar aulas de Canto Coral. O terceiro acorde da primeira canção que aprendi com ela muduou o curso da minha vida: virei aspirante a tenor, arranjador de acapela, cantor, músico, “madrigalista encantado”.
Logo veio Naty Ribas, minha professora em tempo integral. Ela me ensina de tudo: cuidar da casa, cuidar da imagem, cuidar da língua… Mas de tudo que aprendi com ela, o melhor foi aprender a amar plenamente.
Da UNESP lembro de Carlos Stasi. Professor que descostruiu meu castelo de cartas em 15 minutos de aula. Com ele aprendi que música está muito além da frieza inerte de marcações gráficas numa partitura e que qualquer sistema tem limites, inclusive os melhores sistemas…
Um mestre que já se foi é Ricardo Rizek; ou Rizekinho, o Grande como gosto de recordá-lo em conversas ou aulas. Enquanto em muitos lugares aprendi técnicas variadas, na sala de aula de meu mestre aprendi Arte, sua sublime força e capacidade de ser algo além do banal mesmo que o cite ou se pareça com ele. Com Rizek aprendi tanto que nem em 2 existências poderia organizar tantas anotações de aulas notívagas… Ainda visito suas aulas, seus dizeres, seus gestos e suas manias.
Muitos professores me alcançaram sem que nunca os encontrasse. Aulas em livros (Martin Buber, Platão, Guimarães Rosa,Suassuna,  Michael Ende…), aulas Poéticas (Hesíodo, Safo, Pessoa, Jorge de Lima, todos os Cordelístas do Nordeste, todos os Rappers do Mundo…) aulas em Discos (Robert Johnson, Boca Livre, Take6, Jeff Buckley…), aulas no Cinema (Stanley Kubrik, Andrei Tarkovski, David Cronemberg…), aulas em Telas (Dali, Picasso, Michelangelo, Da Vinci), aulas no Palco (Artaud, Nelson Rodrigues, Sófocles…), aulas em Sonoras (Bach, Beethoven, Bhrams…), aulas e aulas e aulas…
Tento fazer de meu professor o meu “outro”. Aquele ou aquela com quem convivo vive num mundo interno diferente do meu e certamente posso aprender a cada encontro. Não creio estar banalizando o ofício do mestre aqui, até porque “mestre” é um dos títulos que se dá aquele que é meu maior professor: Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres – um homem que ousou ensinar a todos sem distinção, sentando-se em todas as mesas que pode e deixando uma marca que chegou até nós, alunos.
Se você é professor sinta-se bem neste dia. Sem você o mundo estaria em trevas completas e qualquer força nos venceria.
Parabéns!